sexta-feira, 27 de julho de 2007

Plástica na auto-estima

Plástica na auto-estima
Se você vive pedindo desculpas por bobagem, não sabe receber elogio ou é mestre em se colocar para baixo, precisa renovar sua auto-imagem já! Os especialistas na área ensinam a deixar sua confiança com cara de Gisele Bündchen.
Fernanda Allegretti e Marcia Kedouk
A maioria de nós nem repara, mas vira e mexe responde a um elogio com "Imagine, essa blusa é tão velhinha" ou se sente a última das criaturas quando a amiga consegue uma promoção. Claro, é normal duvidar da própria capacidade, achar-se inadequada de vez em quando. O problema é quando depreciar-se vira um hábito, daqueles tão arraigados que chegam a passar despercebidos. É o seu caso? Os especialistas ensinam a repaginar a sua auto-estima se você sofre com estes dilemas:Dificuldade de expressar a sua opiniãoO sintomaSeu namorado adora uma banda que você não gosta, sua amiga critica um filme que você amou... E sua atitude é a mesma: concordar com o que dizem, ou por receio de falar besteira ou para não se indispor com eles. O tratamentoÉ possível que as pessoas ao seu redor sejam muito articuladas, o que acaba intimidando você e impedindo-a de falar o que pensa. Porém, é mais provável que esse silêncio tenha nome e sobrenome: medo de errar ou de ter sua idéia rejeitada. "Acontecia comigo na faculdade", lembra Aline Arent, de Joinville (SC). "Sempre tinha uma opinião formada sobre os assuntos debatidos em sala de aula, mas ficava constrangida e não a expressava." Segundo Villela Da Matta, psicanalista e presidente da Sociedade Brasileira de Coaching, "o receio está ligado à baixa autoestima. Para mudar essa atitude, procure enfrentar as próprias inseguranças". É claro que não precisa expor seus julgamentos o tempo todo, mas, às vezes, tem que se fazer ouvir. "Comece palpitando em conversas em que se sinta mais à vontade", incentiva Renato Ricci, membro do International Coaching Federation (ICF) e autor do livro O Que É Coaching e Como Ele Pode Transformar Você? (Qualitec). Quando quiser expressar o que sente, tente dizer: "Entendo o que está falando, mas vejo por outro lado..." Lembre-se: você aceita o ponto de vista dos outros e não está tentando mudar a cabeça deles, apenas pensa diferente.Mania de se desculparO sintomaAntes de entrar na sala do chefe, a primeira palavra que diz é: desculpe. "Sou assim: acho que a dona da clínica onde trabalho vai me fuzilar se eu interrompê-la. E já chego me desculpando", confessa Luciana Ferreira, de Salvador.O tratamento"O problema de começar a sentença com essa palavra é que, de cara, desvaloriza o que vai dizer em seguida", explica Ricci. Sim, educação é bom e todo mundo gosta, mas há uma grande diferença entre ser gentil e pedir perdão o tempo todo.É bem provável que sua atitude seja espontânea. Portanto, comece a pensar antes de falar. Experimente respirar fundo e dizer ao chefe: "Olá, tudo bem? Você tem um minuto?" Nessas horas, a linguagem corporal também diz muito. "Atente para a sua postura, olhe nos olhos", ensina Da Matta. "Para que a conversa seja harmoniosa, espelhe-se no jeito do outro: adote o mesmo tom de voz e a mesma forma de falar dele durante os primeiros cinco minutos, que é o tempo necessário para estabelecer empatia. Passado esse período, pode voltar às suas maneiras habituais", completa.Outra observação importante: é necessário preparo para se sentir segura. "Se vai apresentar uma idéia numa reunião de trabalho ou na pós-graduação, tenha o assunto muito claro na cabeça e pense no tempo que terá para expor as idéias", diz Ricci. Ajuda observar as amigas que considera autoconfiantes. Como elas falam, andam, gesticulam? Tente se comportar do mesmo jeito, e em pouco tempo desenvolverá as mesmas habilidades.
Incapacidade de receber elogiosO sintomaUma amiga diz que seu cabelo está fabuloso. Você imediatamente responde: "Sério? Mas está ressecado, cheio de pontas duplas..." A paulistana Carla Medvedenko sabe bem do que se trata. "Sempre fico sem graça e acabo falando alguma bobagem para me esquivar do comentário. Seria tão mais fácil aceitar logo, não?"O tratamento"As pessoas tendem a recusar elogios porque foram educadas dessa forma desde a infância", diz a psicóloga Mara Pusch, da Universidade Federal de São Paulo. "Quando a professora corrigia a sua prova, por exemplo, destacava apenas os erros. Em casa, seus pais chamavam sua atenção por causa dos deslizes. Mesmo depois de adulta, muitas vezes continua ignorando seu valor — e achando que não é merecedora de sucesso e felicidade." Ou seja, o elogio não combina com a imagem negativa que tem de si. Por isso, a recusa vem na hora. Como silenciar essa vozinha negativa? Converse consigo mesma como se estivesse falando com sua melhor amiga. Você nunca diria a ela que está feia ou gorda. Então por que se autodepreciar dessa maneira? Imagine o elogio como um lindo presente que ganhou. Você não pensaria em jogá-lo fora, certo? Muito menos devolvê-lo, dizendo "Obrigada, mas não posso aceitar". Experimente sorrir e agradecer. Acatar um comentário positivo não quer dizer que seja pretensiosa ou egocêntrica.Sentimento de inferioridadeO sintomaSua amiga conta, toda empolgada, que acabou de conseguir um emprego maravilhoso ou que perdeu 8 quilos. Embora fique feliz por ela, sente-se fracassada.O tratamento"Passei uma fase muito difícil depois da morte de minha mãe", conta Laura Ferreira, de Belo Horizonte. "Meus pais eram separados e minhas irmãs e eu não tínhamos dinheiro para nos bancar. Quando via minhas amigas comprando roupa, viajando, me batia uma insegurança." É difícil mesmo. Mas todas temos duas escolhas diante do sucesso alheio: ou nos sentimos derrotadas ou nos inspiramos e corremos atrás dos sonhos. "Vale refletir sobre o que está fazendo para emagrecer ou conquistar aquele salário polpudo", alerta Da Matta. Tente analisar os fatos de forma objetiva. Com certeza algo de bom já aconteceu a você também. Além disso, todo mundo tem alegrias e dissabores. Não pense que aquela amiga linda e bem-sucedida está plenamente feliz. Antídoto contra os maus pensamentos: deixe um caderno no quarto e, antes de se deitar, liste cinco coisas boas que aconteceram no seu dia. Pode ser uma tarefa que cumpriu no trabalho, uma noitada com as amigas. Ter em mente suas pequenas vitórias é um ótimo jeito de turbinar a autoconfiança. Depois de algum tempo, Laura conseguiu superar esse dilema, e hoje está numa situação financeira mais confortável e apaixonadíssima pelo namorado. "Minha família não deu muito certo, mas sei que vou construir uma mais harmoniosa."
TURBINADOR DE AUTO-ESTIMA A Psicóloga Mara Pusch ensina como afastar os pensamentos negativos. 1. Liste suas habilidades e procure se lembrar sempre delas. Certamente, você é mestre em dar conselhos ou em perceber que uma amiga está com um problema antes de ela dizer uma palavra...2. Acredite que errar faz parte do aprendizado. E tenha em mente: o ditado "Ninguém é perfeito" faz todo o sentido.3. Não se deixe levar por aquela voz interior dizendo "Você não vai conseguir". Pense em tudo o que já conquistou. Com certeza as chances de acerto serão maiores!4. Não tenha pressa em acabar com a insegurança, ou poderá se tornar ansiosa. O processo é mesmo gradativo. Quanto mais você aceitá-la, mais tranqüila vai se sentir.

Fonte: Nova online
http://nova.abril.uol.com.br/edicoes/406/aberto/vida_trabalho/conteudo_240373.shtml?pagin=1