sexta-feira, 27 de julho de 2007

ÁGUIA PEQUENA

ÁGUIA PEQUENA
(JOSÉ FERNANDES DE OLIVEIRA)


Tu me fizeste uma das tuas criaturas com ânsia de amar,
Águia pequena que nasceu para as alturas com ânsia de voar.
E eu percebi que as minhas penas já cresceram
e que eu preciso abrir as asas e tentar;
se eu não tentar, não saberei como se voa.
Não foi à toa que eu nasci para voar.
Pequenas águias correm risco quando voam,
Mas devem arriscar.
Só que é preciso olhar os pais, como eles voam.
E aperfeiçoar.
Haja mau tempo, haja correntes traiçoeiras,
Se já tem asas seu destino é voar.
Tem que sair e regressar ao mesmo ninho
E outro dia outra vez recomeçar.

Tu me fizeste amar o risco das alturas
Com ânsia de chegar
E, embora eu seja como as outras criaturas,
Não sei me rebaixar
Não vou brincar de não ter sonhos se eu os tenho,
Sou da montanha e na montanha vou ficar.
Igual a meus pais vou construir também meu ninho
Mas não sou águia se lá em cima eu não morar.

Tenho uma prece que repito suplicante
Por mim, por meu irmão:
Dá-me esta graça de viver a todo instante
A minha vocação.
Eu quero amar um outro alguém do jeito certo,
Não vou trair meus ideais para ser feliz,
Não vou descer nem jogar fora o meu projeto
Vou ser quem sou e sendo assim serei feliz.

(exposto na Praça de Alimentação do Shopping Ibirapuera)